Deixo a água escorrer
levemente pelo pires,
pausadamente, descer,
pela mesa à planta,
no vaso, ao chão.
Dos caminhos
que percorri,
todos foram
sem volta.
O da porta
pra fora.
O do vidro
trincado.
O da telha
rachada.
O do vaso
quebrado.
O da lenha
no fogo.
O do plástico
na brasa.
O do café
no leite.
O do tapa
na cara.
O do grito
no silêncio.
O do acordar
de um sonho.
O do despertar
de uma ilusão.
O do riso
forçado.
O do choro
contido.
O do abraço
no vazio.
O do medo
do nada.
Dos caminhos
que percorri,
todos foram
sem volta.