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segunda-feira, 30 de junho de 2014

O amor

o amor é um sentimento desajeitado
que chega assim, meio atrapalhado
e cria, às vezes, a maior confusão.
quase que impõe sua presença
pois sem modos, sem licença
nos invade o coração.
isso se dá a qualquer hora...
se queremos que ele vá embora?
ah, não queremos não...
afinal, ele cria raízes
e se sofremos, também somos felizes
porque esquecemos da solidão...

domingo, 29 de junho de 2014

havia um tempo em que eu queria tudo
e este tudo parecia pouco
e aí mesmo é que eu queria tanto.

agora o que quero é pouco
e esse pouco, então, é mesmo tudo
mas - como pode? - hoje parece muito...

quinta-feira, 26 de junho de 2014

Completude

S ozin ho
s ou des erto 
e s o l i d ã o.
Soucompleto
namultidão.

quarta-feira, 25 de junho de 2014

Que se ofereça...

Tudo o que se atrai, combina,
À exceção do que conduz à rima.
Haja vista o encontro de amor com dor.

Então que na vida se rime
Tudo o que de melhor combine
E que se ofereça sempre esperança.
Mais ainda, a quem só vive de lembrança...

terça-feira, 24 de junho de 2014

Coragem...

Destemida
Não esmoreceu.
Enfrentou a vida
E então viveu.

quarta-feira, 18 de junho de 2014

Mulher matemática

Ela é como a matemática
Exata e lógica.
O seu ritmo
É numeral, é logarítmico.

O seu olhar é matemático
Claro e enfático.
Para conhecê-la de vez
Nem mesmo com regra de três.

Sei de cor sua tabuada
E tento calcular sua raiz.
Mas isso é quase nada
Para fazê-la feliz.

Estudo sua geometria
E uso certa simetria
Para saber qual a fração
Para conquistar seu coração.

Ela me usa e abusa
Sou um simples cateto e ela a hipotenusa.
Sinto-me um ônus tarifário
Um reles número ordinário.

Mas o amor é assim, esquisito
Aberto ao infinito.
Quem sabe lá, depois
Um mais um vire nós dois.

O começo de tudo

Sem lastro
Nem rastro.
Sozinho.

A cada instante
Seguir adiante
Era o caminho.

Até que encontrei você.
Quando me achei e pude me perder...

Um olhar

Lágrimas no olhar distante
Brilho em um olhar de lado
Olhar voltado a determinado instante
Semicerrado olhar apaixonado...

terça-feira, 17 de junho de 2014

Não se apresse...

Não se apresse
O amor demora.
Não aparece
Assim, de hora em hora.

Não se apresse
Amor não é paixão.
Às vezes até parece
Mas aí é só ilusão.

Tenha calma
Que ele vai chegar.
Ele vem de corpo e alma
E aí é para ficar...

Na correria...

Não tive tempo de me olhar bem
E saí em desalinho...

Não é vaidade, que nem faz bem.
É que no meio do caminho...

... deu-me uma tristeza, aquela que arrasa:
Deixei minha alegria em casa.

Uma certeza eu tinha...

Nos mais diversos lugares
Entre todos os milhares
Sem tempo definido algum

Eu era apenas um.

Mas isso não me causou tristeza
Medo, insegurança ou estranheza
Isso nunca me aborreceu

Porque eu sabia que era seu...

Ali...

Vou ali
no embalo
do vento
que dá
a força
mas não
a direção.
O destino
improvisa,
ora ventania,
ora brisa.
Só disso sei.
Mais nada.
Ora partido,
ora inteiro,
sigo decidido.
Talvez depois
do nevoeiro
seja o meu local
de parada.

Quem de nós?

Uma vez a vi sentada
Olhar perdido
À mesa de um bar.

Rodeada de amigos
Mas parecia estar só...

Quieta, calada
Num refletir consumido
Sem ninguém notar.

Trejeitos imprecisos
Parecia na garganta sentir um nó...

Quantas vezes ali estivemos?
Mas não nos reconhecemos...

Por que estaria assim?
Será que lembrava de mim?

Ou isso presumi, sem razão de ser,
Só porque eu dela não havia conseguido esquecer?

domingo, 15 de junho de 2014

A ansiedade da moça

Cheia de esperança
Corre a moça à janela
E olha à rua com frenesi...

O pensamento alcança
A vontade dela
E com a face rubra fica a sorrir...

Sente ansiedade, quase dor
Por vezes até desatina.


Será que vem o seu amor?
Será que está além da esquina?

quinta-feira, 12 de junho de 2014

A madrugada

Sou apenas mais um
Dos que admiram a madrugada.
Sem pensar em lugar algum
Sem querer pensar em mais nada...

terça-feira, 10 de junho de 2014

A procura

Circulava silenciosamente com sua solidão em ambientes lotados, mas vazios. Do alto som e do tilintar dos copos captava os suspiros e o misturar-se das falas. Aquelas conversas desconexas pareciam ter somente um tema: a procura. A procura por alguma forma de felicidade. Mesmo que rapidamente. Mesmo que só por instantes. Ser feliz só um pouquinho. Pelo menos até o dia amanhecer...

sábado, 7 de junho de 2014

Uma história de amor

Certo dia a vi em um bar
E guardei seu olhar
Sem que pudesse me ver.
Cuidei cada seu trejeito
E a senti invadir o meu peito
Com seu modo tão meigo de ser.

Vestia uma roupa clara
E da sua beleza tão rara
Não pude jamais esquecer.

Chamou tanto a minha atenção
Causou tamanha impressão
Que queria demais a rever.

Sonhava encontrá-la nas ruas
Procurava descobrir coisas suas
Para, quem sabe, melhor a conhecer.
Aos amigos só falava dela
A mulher atraente e tão bela
A quem amava mais do que poderia crer.

Por mais que me pedissem a calma
Era tanto o amor em minha alma
Que não sentia podê-lo conter.
A eles não dava atenção
Só ouvia o meu coração
Que só a ela dirigia o meu ser.

Outra vez a encontrei, sempre bela
Pensei que era ali e era aquela
A hora de falar do meu querer.
Corri ao seu rumo, todo apaixonado
Mas havia alguém do seu lado
Que cego, mal pude perceber.

Desta vez me olhou, acanhada
Quanto a mim, lhe falar? Não, mais nada...
Passei por ela, como se não estivesse a ver.
Percebi que já havia outro alguém
A amar, como a amo também
E a mim, só restava esquecer...

Hoje perambulo na noite fugaz
Guardando a ilusão que me faz
Alternar entre a alegria e a dor
Toda vez que me vem à memória
O que poderia sido uma história:
A história do nosso amor...

quinta-feira, 5 de junho de 2014

A carta


Mediu as palavras. Escreveu a carta. Releu o texto. Rabiscou algumas linhas. Trocou expressões. Corrigiu pontuações. Adicionou mais um tanto. Releu. Passou a limpo. Caprichou na letra. Releu. Ajeitou a tinta fraca. Releu. Assinou. Preencheu o envelope. Envelopou. Lacrou. Selou. Arrumou-se. Respirou fundo. Encheu-se de coragem. Saiu à rua. Envelope na mão. Caminhou em passo firme. Quase correu. Riu de si. Sorriu às pessoas. Acariciou um cachorro. Correu mais um tanto. Correios. Ingressou. Fila de espera. Ansiedade. Olhou pro envelope. Cedeu a vez. "Pode passar, por favor..." Recuou. Voltou à calçada. Olhou pro envelope. Refez o caminho. Devagar. Devagar. Seriedade. Não olhou as pessoas. Desviou do cachorro. As chaves. Em casa. No quarto. O envelope. A gaveta. O silêncio. O silêncio. "Um dia, talvez..."

Hora de prosseguir...

Sei que um dia, quando parecer que tudo estará definido, saberei exatamente o quanto houve de sentido e lembrarei de cada vez que parei ou que corri. Sentirei, então, os gostos, os perfumes, todos os sabores, as presenças, as ausências, os amores que vivi ou que perdi. Passarei, de leve, as mãos no rosto, este já um reflexo do que eu tenha sido, e chorarei por ter vivido apenas o que consegui... Saberei reconhecer que não foi pouco - fui ingênuo, aprendiz, alegre, triste, fui feliz, poeta, sonhador, fui mesmo um louco a lutar pelo que quis. Farei o meu melhor olhar (aquele decidido) e, mesmo com medo, tentarei sorrir. Aquele momento de estranha beleza me trará a certeza de que nada foi perdido e sereno ficarei entregue, afinal, depois daquele pensamento breve, estarei pronto para prosseguir...

Até quando?

Repouso no teu silêncio
E desperto na minha solidão.
Até quando te encontrar
Será a minha perdição?

quarta-feira, 4 de junho de 2014

Ao que virá...

Ao final do dia
A moça até tenta sorrir.
Quieta, vence a nostalgia
E se fortalece ao que está por vir...

domingo, 1 de junho de 2014

Estranho

Estranho
É muitas vezes
Neste mundo tão tamanho
A gente não se sentir
Estranho