Dá-me um tanto de intranquilidade,
para que eu possa me manter atento.
Calmaria é ímã, chama a tempestade.
Monotonia é poeira a ser tocada a vento.
Dá-me um tanto de susto e de medo,
para que eu possa me avaliar também.
Certa rotina esconde algum segredo
que salta aos olhos num olhar de alguém.
Dá-me um tanto de eu ser eu mesmo,
sem disfarces, sem rumo, em desatino.
Às vezes, é bom se andar por aí, a esmo,
para afinal se chegar a algum destino.
Dá-me um tanto do que mais não sou,
para quem sabe, um dia, possa voltar a ser.
Quando fico, é justo a hora que mais vou.
Quando me calo, é que mais tenho a dizer.