Essa saudade que vem Essa incerteza tão certa Que chegam assim Sem aviso, sem nada Tornam turva minha estrada Tomam conta de mim...
Esse forte sentir Sem chegar ou partir Um doer tão sentido Que traz inquietude Ao sonhar que algo mude Num querer sem ter querido...
Esse insano amargor Em um ar de pavor Como andar no vazio
Uma certa ansiedade Talvez mentira ou verdade Como estar por um fio.
Essa procura discreta Numa angústia secreta Para ter sem querer achar Um tanto de choro abafado Num riso triste, dominado Assim vou, tentando me encontrar...
Talvez eu me encontre um dia Retome, então, a alegria E volte a sorrir, se puder. Por enquanto, pelas ruas circulo Entre vozes e olhares, no escuro Sou nas noites, por aí, um qualquer...
Tenho o desespero dos ansiosos A ansiedade dos desesperados. Tenho a sede dos famintos A fome dos sedentos. Tenho a pressa dos incomodados A quietude dos decididos. Tenho a loucura dos sãos A sanidade dos loucos. Tenho a fadiga dos mares A leveza dos ventos calmos. Tenho a força das tempestades A preguiça dos fins de tarde. Tenho a voz dos que gritam O silêncio dos que não querem falar. Tenho os olhos dos que veem O olhar dos que, além de ver, querem enxergar. Tenho o correr dos descobridores O passo lento dos que já encontraram. Tenho a garra dos que agitam A paciência dos que deixam acalmar.
Tenho o não ter, o não ser A imensidão...
Tenho a palavra certa A frase incompleta. Tenho medo do escuro Aversão à claridade que expõe.
Tenho este querer Que me acompanha onde vou Tenho este querer Que me conduz a ser o que sou...