Essa saudade que vem Essa incerteza tão certa Que chegam assim Sem aviso, sem nada Tornam turva minha estrada Tomam conta de mim...
Esse forte sentir Sem chegar ou partir Um doer tão sentido Que traz inquietude Ao sonhar que algo mude Num querer sem ter querido...
Esse insano amargor Em um ar de pavor Como andar no vazio
Uma certa ansiedade Talvez mentira ou verdade Como estar por um fio.
Essa procura discreta Numa angústia secreta Para ter sem querer achar Um tanto de choro abafado Num riso triste, dominado Assim vou, tentando me encontrar...
Talvez eu me encontre um dia Retome, então, a alegria E volte a sorrir, se puder. Por enquanto, pelas ruas circulo Entre vozes e olhares, no escuro Sou nas noites, por aí, um qualquer...
Tenho o desespero dos ansiosos A ansiedade dos desesperados. Tenho a sede dos famintos A fome dos sedentos. Tenho a pressa dos incomodados A quietude dos decididos. Tenho a loucura dos sãos A sanidade dos loucos. Tenho a fadiga dos mares A leveza dos ventos calmos. Tenho a força das tempestades A preguiça dos fins de tarde. Tenho a voz dos que gritam O silêncio dos que não querem falar. Tenho os olhos dos que veem O olhar dos que, além de ver, querem enxergar. Tenho o correr dos descobridores O passo lento dos que já encontraram. Tenho a garra dos que agitam A paciência dos que deixam acalmar.
Tenho o não ter, o não ser A imensidão...
Tenho a palavra certa A frase incompleta. Tenho medo do escuro Aversão à claridade que expõe.
Tenho este querer Que me acompanha onde vou Tenho este querer Que me conduz a ser o que sou...
Hoje os meus versos Acompanhavam-me pelas calçadas. Pareciam dispersos Em muitos lugares. Fugiam de mim em olhares E em bocas caladas. Olhavam-me ao longe Como quem chama E logo se esconde. Faziam assim, Corriam de mim Sem dizerem-me para onde...
Mas não vou perder minha alegria Vou deixá-los seguir com seu encanto. Outra hora os revejo em poesia Outro dia certamente os encontro...
Compus uma letra que acho que, no contexto atual, vai arrasar! Só
falta quem me ajude a musicá-la. Vejam o que vocês acham: "Eu queria te dizer que: Tchutchutchu, ratchatchá! A vida é mesmo zisquindô, zisquindô! Por isso vou te falá, te falá: Tu éis meu amô, meu amô!
E vamo parará, parará! Depois pororó, pororó! Que a vida é pra levá, pra levá! E aí borogodó, borogodó!
A delicadeza é algo que parece uma cilada, mas
não tem presa - nos atrai assim, sem fazer nada... Ela nos prende e nos
liberta, deixa sempre a porta aberta e livres para entrar ou sair. E,
então, presos mas em liberdade, não temos a menor vontade de partir...
Ser feliz - sempre. Se não já nesta segunda-feira, na terça ou na terça parte de quarta. Ou na quinta, ou na quinta tentativa, bem na sexta-feira, que fará do sábado bem lindo. Aí depois já será outro domingo...
A dor correu pelos campos, forte como um furacão. Ela não avisou que vinha. Invadiu cada coração, cada lar, cada rua. Ela não é alheia: é também minha. E tua...
Não é urgente, mas não demore. Lembre-se que o tempo que a folha colore A faz desbotar, secar, soltar-se E voar pelos campos, perdida... Há um certo tempo para tudo na vida...
Seja algo simpático Um tanto enigmático De viés metódico Lógico, translúcido... Um pouco metafórico Bucólico, astrofísico Carismático, arquetípico Teórico, apocalíptico... Simbólico, esotérico Exótico, histérico Rústico, acrítico Fático, analítico... Talvez inodoro Incolor, indolor Sólido, líquido, vapor... Mas é amor. É amor. Seja como for...
Entre riscos tenazes e traços perspicazes as rimas escoam-se entre as linhas, já não tuas, já não minhas, e formam frases de dor ou agonia ou de amor - em poesia...